Autora: Dra. Adriana Bittencourt Campaner - média ginecologista
O câncer de colo de útero é um tipo de câncer que ocorre nas células da parte inferior do útero que se conecta à vagina. Na maioria das vezes, esse câncer é causado por cepas do papilomavírus humano (HPV).
É importante dizer que é um tumor prevenível, portanto exames periódicos e a vacinação são extremamente importantes para a preservação da saúde feminina.
O que causa câncer de colo de útero?
Esse tumor apresenta o estágio pré-canceroso, portanto antes de virar câncer surge uma ferida chamada de neoplasia intraepitelial. Caso o tumor seja descoberto e tratado nessa fase, é possível evitar o câncer. Por isso é tão importante a consulta regular com o ginecologista.
Tanto o câncer de colo de útero, quanto essa ferida pré-cancerosa são causados pelo vírus HPV, vírus transmitido, na maioria das vezes, através da relação sexual.
Hoje em dia é possível afirmar que quase 100% dos casos de câncer do colo de útero e as lesões pré-cancerosas são causados pelo HPV.
Em quanto tempo o câncer de colo de útero se desenvolve?
É importante dizer que quando uma pessoa tem HPV, o câncer não se desenvolve de imediato. A maioria das pessoas que foram infectadas pelo HPV, conseguem eliminar o vírus graças ao sistema imune (responsável por matar o vírus).
Cerca de 10% dos infectados apresentam a lesão que mais tarde evolui para a lesão pré-cancerosa, podendo ser dividida em diferentes graus que evoluem gradativamente. Dessa maneira, quando uma pessoa manifesta a ferida, pode levar de 5 a 10 anos para o câncer se desenvolver de fato.
Fatores de risco
Os principais fatores de risco do câncer de colo de útero, são:
- Ser infectado pelo vírus do HPV;
- Início precoce da atividade sexual;
- Ocorrência de outras doenças transmissíveis;
- Uso de contracepção hormonal;
- Troca frequente de parceiros;
- Quando o parceiro possui outros parceiros;
- Ter tido muitos filhos.
Sinais e sintomas de câncer de colo de útero
A maioria das pacientes que têm câncer de colo de útero são assintomáticas. Os sintomas de corrimento com mau cheiro, corrimento persistente, sangramento entre as menstruações ou sangramento durante as relações, geralmente ocorrem quando o tumor está em um estágio mais avançado.
Por isso, o ideal é que a paciente descubra o câncer antes de apresentar sintomas, realizando o exame de Papanicolau periodicamente.
Quando procurar o médico?
Recomenda-se que as mulheres se consultem com seus ginecologistas pelo menos uma vez por ano para realizar os exames de diagnóstico.
Diagnóstico da doença
O diagnóstico do câncer de colo de útero é feito pelo ginecologista através do exame especular (utilizando o instrumento chamado bico de pato). Portanto, o ideal é que as mulheres consultem seu ginecologista anualmente. É possível identificar a doença por esse exame ou pela coleta do Papanicolau, que quando apresenta resultado alterado é necessário realizar exames complementares para poder descobrir se está no estágio pré-canceroso ou se já é o câncer.
Estágios do câncer de colo de útero
Como dito, o câncer de colo de útero tem um estágio pré-canceroso, que é a neoplasia intraepitelial. O ideal é que descubra nessa fase, pois, se o pré-câncer for tratado rapidamente, a paciente estará curada e não será acometida pelo câncer.
Quando já virou câncer, há quatro estágios:
- Estágio 1: quando o câncer está presente apenas no colo do útero;
- Estágio 2 e 3: quando o tumor já acometeu a vagina em um grau maior ou menor ou quando acometeu os ligamentos que seguram o câncer na barriga;
- Estágio 4: quando o câncer sai do útero e atinge outras partes do corpo, como a bexiga, o intestino ou ocorre a metástase, que é quando o tumor se espalha pelo corpo todo.
Exames para detectar a doença
Por ser uma doença quase sempre assintomática, os exames periódicos são extremamente necessários para identificação precoce da doença.
Papanicolau
Considerado o principal exame, o Papanicolau utiliza um espéculo (bico de pato) juntamente com um tipo de cotonete que é passado no colo do útero da paciente. Após esse procedimento, o material coletado pelo cotonete e o espéculo é colocado em um potinho que contém um líquido e é enviado para análise laboratorial. A partir disso, o médico é capaz de avaliar se as células são normais ou apresentam alterações.
Colposcopia
Se o exame de Papanicolau apresentar um resultado alterado, ou se o ginecologista utilizou o bico de pato, examinou o colo do útero e já identificou alterações a olho nu, a colposcopia pode ser solicitada. Esse exame é responsável por analisar o colo do útero com um binóculo, que aumenta o local que deve ser avaliado. Nesse procedimento são utilizados determinados líquidos, dentre eles o iodo, e é observado a presença de manchas.
Biópsia do tecido do colo do útero
Dependendo da alteração encontrada durante o exame de colposcopia, o médico solicita a biópsia. Esse processo consiste na retirada de um pequeno pedaço da ferida que o médico enxergou no binóculo. É um procedimento que não necessita de anestesia, sendo um exame simples que pode causar apenas uma cólica leve.
Tratamentos para câncer de colo de útero
O câncer é tratado com cirurgia quando está no estágio 1, ou seja, quando o tumor ainda está presente apenas no colo do útero. Quando ele já saiu do colo do útero, o tratamento é feito através de radioterapia (como se fosse um banho de luz ou um raio x). Em alguns casos, é necessário realizar, além da radioterapia, a quimioterapia.
No caso do pré-câncer, é feita uma pequena cirurgia que retira apenas a ferida. Esse procedimento se chama conização, que consiste em uma cirurgia bem simples.
Prevenção
As principais formas de prevenir a doença são: se vacinar com a vacina HPV nonavalente, utilizar preservativos e realizar exames regularmente.
Vacina contra o HPV
A vacina HPV nonavalente, que confere proteção contra infecções persistentes e lesões pré-cancerosas causadas pelos tipos 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58 de HPV. Além disso, previne o câncer de colo do útero, da vulva, da vagina, do ânus e verrugas genitais (condiloma).
Devemos ressaltar que mesmo com a vacina, é necessário tomar cuidado, pois existem outros tipos de HPV que o imunizante não confere proteção.
