Por Dra. Adriana Bittencourt Campaner - médica ginecologista
Pré-natal é o cuidado de saúde recomendado para todas as gestantes. Seu principal objetivo é garantir uma gestação saudável e diagnosticar e tratar possíveis complicações precocemente.
Consiste em realizar exames periódicos, ultrassonografias e tomar vacinas indispensáveis para o momento.
O que é o pré-natal?
O pré-natal é o conjunto de medidas que promovem o desenvolvimento saudável da gravidez. É um processo composto por médicos, a parte social e psicológica, podendo-se incluir muitos outros profissionais como a nutricionista, etc.
Tem um papel fundamental na hora de prevenir e detectar precocemente possíveis doenças, tanto materna quanto fetal. Com isso, é possível que o processo de gestação seja feito da melhor forma possível e diminui os riscos para a mãe.
Quando começar o pré-natal?
O ideal não é que o pré-natal comece quando a paciente já está esperando o bebê, mas sim entre 1 e 2 meses antes da mulher engravidar.
Recomenda-se que a futura mamãe passe por uma consulta de orientação pré-concepcional. Nessa consulta, é possível: obter instruções nutricionais para controle de peso; saber sobre os costumes da gestante, por exemplo, se ela fuma, faz uso de substâncias ilícitas ou consome bebidas alcoólicas; ver quais medicamentos a gestante faz uso contínuo e se eles são seguros para tomar durante a gravidez; prescrever o uso de vitaminas, como o ácido fólico que previne as malformações congênitas.
Além disso, é importante fazer exames de sangue para diagnosticar ou monitorar doenças e infecções, com o objetivo de tratá-las antes da gestação.
As vacinas na gravidez também desempenham um papel essencial durante o pré-natal.
Quantas consultas devem ser realizadas?
De acordo com as orientações do Ministério da Saúde e da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), o ideal é que a paciente tenha no mínimo seis consultas de pré-natal.
No entanto, caso a gestante consiga, deverá realizar consultas mensais até o sétimo mês. Quando a data do parto estiver próxima, já no oitavo mês, recomenda-se que as consultas sejam semanais.
Se a gestante apresentar complicações gestacionais, por exemplo, pressão alta e diabetes, o número de consultas deve ser reorganizado pelo médico responsável.
O que é feito na primeira consulta do pré-natal?
Na primeira consulta do pré-natal, caso a paciente não tenha feito o acompanhamento pré-concepcional, realiza-se uma conversa para fazer as mesmas orientações nutricionais, de medicamentos, vacinais, comportamentais e vitamínicas que seriam feitas caso a gestante tivesse procurado auxílio anteriormente.
Também é observada a data da última menstruação para fazer o cálculo de quanto tempo a paciente está grávida, mensura-se a pressão, o peso e examina-se a mulher. Além disso, são solicitados exames para analisar a condição clínica da gestante e exames de imagem, como a ultrassonografia. O primeiro ultrassom é o mais importante para se confirmar principalmente a idade gestacional.
Qual é a importância de fazer o pré-natal?
Esse procedimento é muito importante em relação à prevenção, possibilitando o rastreio de doenças e condições relacionadas à gestação, à mãe e ao bebê. Com isso, é possível recomendar medicamentos e fazer intervenções precoces a fim de se evitar que a mulher ou o bebê desenvolvam algum problema.
Como é o pré-natal em uma gravidez de alto risco?
Muitas vezes o pré-natal é iniciado pensando-se que se trata de uma gestação de baixo risco, porém durante o pré-natal é possível identificar algum problema e aquela gravidez passa a ser caracterizada como de alto risco. Por exemplo, a paciente não tem doenças pré-existentes, mas na hora de medir a pressão é observado que está subindo, tendo risco de desenvolver uma pré-eclâmpsia. Quando isso acontece, a paciente passa a ter uma gravidez de alto risco.
Algumas vezes a paciente já apresenta complicações antes mesmo da gravidez. Nesses casos, o ideal é fazer acompanhamento antes da mulher engravidar.
Cada gestação de risco necessita de diferentes exames, dependendo da situação de cada uma delas. Além disso, as consultas de acompanhamento também devem ser realizadas com maior frequência.
Exames realizados no pré-natal
Em relação aos exames realizados durante o pré-natal, destacam-se os exames de sangue, urina e as ultrassonografias. Alguns deles são gerais para todas as gestantes, como o hemograma, tipagem sanguínea, fator RH, glicemia, sorologias, urina simples e urocultura.
Dependendo da presença de doenças anteriores ou detectadas durante a gestação, são necessários outros exames, como de função renal, função cardíaca, eletrocardiograma, ecocardiograma e assim por diante.
Ultrassonografias
Durante a gestação, recomenda-se o mínimo de três ultrassonografias. A primeira deve ser realizada logo que a paciente descobre a gravidez para se confirmar a idade gestacional.
A seguir, é solicitado o ultrassom morfológico do primeiro trimestre, que deve ser realizado entre 11 e 14 semanas (ideal 12 semanas). Ele serve para avaliar alguns parâmetros relacionados ao risco de malformações genéticas, principalmente a medida da translucência nucal e a presença ou não do osso nasal.
Após esse ultrassom, entre 20 e 24 semanas (ideal 22 semanas), é feito o ultrassom morfológico do segundo trimestre. É um exame bem completo que possibilita a análise da morfologia do bebê. Trata-se de exame de acompanhamento pré-natal, onde é possível observar o crescimento do bebê, a localização da placenta e o volume do líquido amniótico, bem como a presença de malformações.
Mais perto do parto, avalia-se o crescimento do bebê, o peso e o desenvolvimento, a placenta, líquido amniótico durante as ultrassonografias do terceiro trimestre.
O ultrassom transvaginal pode ser utilizado no início da gravidez para confirmá-la, para avaliação de rotina e definir a idade gestacional. Além disso, o exame também identifica os primeiros sinais de possível aborto, monitora os batimentos cardíacos e examina a placenta.
Hemograma completo
O hemograma completo é o exame que analisa se há anemia, os leucócitos que representam infecções e as plaquetas.
Tipagem sanguínea
Esse exame possibilita descobrir qual é o tipo de sangue e o fator Rh. Se a paciente for fator Rh negativo, é solicitada a dosagem do tipo de sangue do pai da criança. Caso ele seja Rh positivo e a mulher Rh negativo, provavelmente o bebê será RH positivo. Nesse caso, se as hemácias do bebê passarem para o sangue da mãe, poderá ocorrer a formação de anticorpos contra essas hemácias do feto que são Rh positivas, uma condição chamada isoimunização materna pelo fator Rh. Assim, quando a mãe for RH negativa, deve-se ministrar preventivamente a “vacina Anti Rh (imunoglobulina anti-Rh)” no 7º mês e após o parto.
Exame de urina e urocultura
O principal objetivo deste exame é analisar se a mãe está perdendo proteínas na urina ou se tem infecção.
Glicemia de jejum
A glicemia avalia a possibilidade de a gestante estar desenvolvendo diabetes.
Outros exames
Os demais exames são os de sorologia, que mostram se a paciente apresenta alguma infecção. As principais sorologias são de HIV, sífilis, hepatite A, B e C, rubéola e toxoplasmose. Nos exames de sorologias também pode-se verificar se a gestante já recebeu vacinas contra alguns desses agentes e já está protegida.
Para identificar lesões ou alterações presentes nos genitiais, que podem indicar o Papilomavírus Humano (HPV) e outras condições, o Papanicolau também pode ser solicitado a partir de 4 meses de gravidez.
Exames complementares durante a gestação
Conheça outros exames que podem ser feitos na gravidez:
NIPT
É um exame mais recente que pode ser realizado a partir de 9 semanas de gravidez. Ele consiste na coleta sanguínea da mãe e avalia algumas células do bebê que passam para o sangue da mãe e, a partir disso, é possível rastrear se a criança tem alguma alteração genética, como a Síndrome de Down, dentre outras.
Sexagem fetal
A sexagem fetal serve para descobrir o sexo do bebê antes do ultrassom. É feita através de coleta de sangue, onde é possível visualizar, através de biologia molecular, amostras de fragmentos do DNA do feto.
Ecocardiograma fetal
O ecocardiograma fetal é um exame em que é feito um tipo de ultrassom no coração do bebê para observar se o órgão está batendo normalmente ou se tem algum defeito ou malformação.
Este exame é solicitado principalmente em mulheres portadoras de diabetes ou quando o bebê tem algum defeito em determinadas partes do corpo ou quando há casos de antecedentes familiares.
Teste de Coombs
É um exame feito pela mulher que é Rh negativo. Consiste em analisar se ela está produzindo anticorpos contra as hemácias do bebê, o que pode causar anemia.
Vacinas indicadas no pré-natal
As principais vacinas da gravidez são:
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Tríplice Bacteriana Acelular (dTpa): a partir da 20ª semana de gestação; deve ser tomada mesmo que já tenha recebido a vacina anteriormente.
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Hepatite B: deve ser tomada apenas se a gestante não está imune.
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Vacina da gripe: Influenza: dose anual, mesmo que já tenha recebido no ano anterior.
Onde fazer a consulta de pré-natal?
Para realizar seus exames de pré-natal no Lavoisier é simples. Acesse o Nav Dasa e selecione o melhor dia e horário no laboratório mais próximo a você.
Referências
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Manual de assistência pré-natal -- 2a. ed. São Paulo : 2014.
Ministério da Saúde. Atenção ao pré-natal de baixo risco. Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2012. 318 p.
Ministério da Saúde. Gestação de alto risco: manual técnico. 5. ed. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2012. 302 p.
