Apendicite é a inflamação do apêndice cecal e causa dor na maioria das vezes localizada na parte inferior do lado direito do abdômen. Conforme avança, a dor se intensifica e pode afetar outras áreas do corpo. Cerca de 200 mil casos são diagnosticados anualmente no Brasil com o quadro. Continue a leitura para saber as causas, formas de diagnóstico e os tratamentos indicados.
O que é a apendicite?
A apendicite é uma inflamação do apêndice cecal, um pequeno órgão localizado no lado direito do abdômen. Essa condição é uma emergência médica, pois a inflamação pode levar à ruptura do apêndice cecal, resultando em complicações, como infecções e peritonite (inflamação do peritônio, a membrana que reveste a cavidade abdominal).
A obstrução do apêndice cecal é a causa mais frequente da apendicite. Quando o apêndice fica bloqueado, as bactérias se acumulam na região, resultando em inflamação, infecção e, eventualmente, formação de pus.
A apendicite afeta principalmente pessoas entre 10 e 30 anos, embora possa ocorrer em qualquer idade.
Qual a função do apêndice?
O apêndice cecal é um pequeno órgão tubular situado no intestino grosso. Apesar de não possuir uma função essencial no corpo humano, sabe-se que pode ter um papel no sistema imunológico, pois contribui para a proteção contra infecções. Além disso, pode servir como um reservatório para bactérias benéficas que auxiliam na digestão.
Sintomas de apendicite: quais são os mais comuns?
Os sintomas de apendicite mais comuns incluem:
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Dor ou desconforto abdominal.
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Dor intensa na parte inferior direita do abdômen.
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Náuseas e vômitos.
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Falta de apetite.
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Sensação de mal-estar geral.
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Prisão de ventre ou diarreia.
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Abdômen inchado ou acúmulo de gases.
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Dor intensa ao tocar na barriga.
Sintomas de apendicite menos comuns
Já os sintomas menos comuns são:
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Dor nas costas ou na parte esquerda do abdômen.
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Alterações no padrão intestinal, como diarreia.
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Dificuldade ou dor para urinar.
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Sensação de cansaço.
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Vômitos repetidos que não passam.
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Sensibilidade abdominal em áreas diferentes da localização típica da dor.
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Mudanças no apetite que podem se manifestar como aversão a alimentos.
Causas da apendicite
A apendicite ocorre principalmente devido à obstrução do apêndice, um pequeno órgão localizado no lado direito do abdômen. Essa obstrução pode ser causada por diversos fatores. Um deles seria a retenção de gordura ou fezes endurecidas dentro do apêndice, que podem bloquear a abertura do órgão, levando à inflamação.
Uma dieta pobre em fibras e em líquidos também pode facilitar a inflamação do apêndice. Por isso, recomenda-se manter uma alimentação balanceada, nutritiva e a mais natural possível, além de manter a hidratação em dia.
Em casos mais raros, tumores, sejam benignos ou malignos, podem obstruir o apêndice. Doenças inflamatórias intestinais, como a doença de Crohn, também podem afetar o apêndice e contribuir para a inflamação.
O que fazer ao sentir os sintomas de apendicite?
Ao perceber os sintomas de apendicite, como dor intensa no lado inferior direito do abdômen, náuseas, vômitos e febre, é necessário procurar atendimento médico imediatamente.
É fundamental evitar tomar medicamentos sem orientação médica, pois analgésicos e antidiarreicos podem mascarar os sintomas e dificultar o diagnóstico.
Além disso, é aconselhável não comer ou beber nada até que um médico realize uma avaliação, especialmente se a cirurgia for necessária.
Exames utilizados no diagnóstico da apendicite
O diagnóstico da apendicite geralmente envolve uma avaliação clínica completa, além de exames de imagem e laboratoriais. No exame clínico, o médico avalia os sintomas (como dor abdominal intensa, principalmente no lado inferior direito) e realiza palpação, que é o ponto de partida.
A tomografia de abdome total é considerada o exame mais preciso para o diagnóstico de apendicite. Este exame fornece uma imagem detalhada da região abdominal, ajudando a identificar inflamações no apêndice e outras possíveis causas dos sintomas.
Em muitos casos, o ultrassom abdominal pode ser utilizado, especialmente em crianças e gestantes, por ser não invasivo, disponível e não utilizar radiação.
Além disso, o hemograma e outros exames laboratoriais são usados para avaliar informações detalhadas a respeito de inflamação e alteração sugestiva de infecção.
Por fim, a laparoscopia pode ser utilizada não apenas para confirmar o diagnóstico, mas também para tratar a apendicite, caso seja necessário. Esse procedimento minimamente invasivo permite ao médico examinar diretamente o interior do abdômen.
Formas de tratamento para a apendicite
Na maioria das vezes, a única opção de tratamento da apendicite é o procedimento cirúrgico para a remoção do apêndice inflamado, que é conhecido como apendicectomia. Ele deve ser feito o mais rápido possível a fim de evitar complicações que podem pôr em risco a vida do paciente.
Essa cirurgia pode ser realizada por meio de uma cirurgia aberta para remover o apêndice e por meio de videolaparoscopia, que é um procedimento minimamente invasivo. Além da cirurgia, pode ser administrado antibiótico para combater infecções.
No entanto, a apendicectomia é a opção mais comum e eficaz para prevenir complicações graves, como a ruptura do apêndice.
Como é a recuperação da cirurgia para apendicite
Geralmente, os pacientes podem sentir dor e desconforto na área da cirurgia, que são controlados com analgésicos, e a maioria recebe alta em um ou dois dias. O tempo de internação pode ser prolongado nos casos de apendicite com complicações.
A recuperação total pode levar de uma a três semanas, e o retorno às atividades normais deve ser gradual.
É fundamental seguir as orientações médicas, que incluem repouso e evitar atividades físicas intensas nos primeiros dias.
Inicialmente, uma dieta leve é recomendada, com reintrodução de alimentos sólidos conforme a tolerância. Com os cuidados adequados, a maioria dos pacientes se recupera bem e retoma suas atividades sem complicações.
Formas de prevenir a apendicite
Embora não exista uma forma garantida de prevenir a apendicite, algumas medidas podem ajudar a reduzir o risco de desenvolvê-la.
Uma alimentação rica em fibras, que inclui frutas, vegetais e grãos integrais, pode contribuir para a saúde do sistema digestivo e possivelmente diminuir o risco de obstrução do apêndice.
Manter um estilo de vida ativo, com exercícios regulares, também é benéfico para a saúde geral e pode ajudar a prevenir problemas intestinais.
Além disso, a hidratação adequada é essencial, pois promove uma digestão saudável e pode evitar constipação, um fator que pode estar relacionado à apendicite.
Complicações da apendicite
A apendicite não tratada pode resultar em complicações, sendo a mais grave a ruptura do apêndice, que libera conteúdo infectado na cavidade abdominal e pode levar à peritonite, uma infecção grave da membrana abdominal que exige tratamento imediato.
Outra complicação comum é a formação de abscessos, no qual o corpo forma uma bolsa de pus para isolar a infecção, necessitando de drenagem ou antibióticos.
Além disso, a apendicite pode causar aderências, que são bandas de tecido cicatricial que podem resultar em obstruções intestinais no futuro.
Autor: Dr. Manoel Lages Castello Branco Neto - cirurgião geral