Autora: Dra. Adriana Campaner
Pré-Eclâmpsia diz respeito à hipertensão arterial identificada pela primeira vez após a 20ª semana de gestação. Sua incidência é de 2-3% das gestações em todo o mundo. Já no Brasil, estima-se que ocorra em 1,5% das gestações. É uma condição que necessita de extrema atenção, pois é uma das principais causas de morte da mãe e do bebê no Brasil.
O que é pré-eclâmpsia?
Pré-eclâmpsia, também chamada de Síndrome Hipertensiva da Gravidez ou Doença hipertensiva específica da gravidez - DHEG, é uma condição frequente e perigosa e se caracteriza pelo aumento da pressão arterial durante uma gestação.
É muito importante que a pré-eclâmpsia seja reconhecida durante as consultas e os exames de pré-natal e que o tratamento seja iniciado o quanto antes a fim de não desenvolver complicações graves para a mãe e para o bebê.
Quais os riscos da pré-eclâmpsia para o bebê?
A pressão alta na gravidez diminui o fluxo de sangue para o bebê. Habitualmente, ele pode apresentar retardo no crescimento, displasia bronco pulmonar e morte.
Dependendo do grau de pressão alta, o parto pode ser antecipado e o bebê nascer prematuro.
O que pode causar eclâmpsia na gravidez?
Quando a gestante é diagnosticada com pressão alta antes da gravidez, ou nas primeiras semanas de gestação, classificamos com doença hipertensiva crônica, que deve ser acompanhada e tratada durante o pré-natal pois aumenta o risco de pré-eclâmpsia.
A hipertensão gestacional ou pré-eclâmpsia, se caracteriza pela elevação dos níveis tensóricos a partir da vigésima semana de gravidez em uma gestante sem diagnostico prévio de hipertensão.
A grávida com eclampsia quase sempre apresenta perda de proteína na urina, chamada proteinúria. Caso a paciente apresente pressão alta associada a múltiplos sintomas como dor de cabeça, visão embaçada e alterações no exame de sangue a proteinúria pode não ser dispensada para o diagnostico.
As causas da pré-eclâmpsia ainda não estão completamente esclarecidas mas os estudos explicam essa condição é de fundo inflamatório e vascular. No sangue existem proteínas pró-angiogênicas e antiangiogênicas, que interferem diretamente nos vasos sanguíneos.
As alterações dessas proteínas durante a gravidez podem levar a contração dos vasos da placenta e do útero, diminuindo a circulação do sangue para a placenta, que ficará mal nutrida e sofrerá um estresse oxidativo, um processo inflamatório, produzindo substâncias que interferem na pressão da gestante, na função renal e em todo o processo de coagulação e circulação.
Os principais fatores de risco são:
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Primeira gravidez
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Hipertensão previa
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Idade acima de 40 anos
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índice de massa corpórea elevado (sobrepeso e obesidade)
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Histórico familiar
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Gestações múltiplas (gemelares)
Sintomas de pré-eclâmpsia
Os sintomas da pré-eclâmpsia leve e grave são muito parecidos e dependem de cada paciente.
Algumas vezes a paciente é assintomática, ou seja, não apresenta quaisquer sintomas. Nesses casos, a condição é descoberta durante a consulta pré-natal.
Pré-eclâmpsia leve
Quando há presença de sintomas, a condição leve pode apresentar sinais, como:
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Perna inchada;
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Aumento de peso por conta da retenção de líquido;
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Dor de cabeça associada;
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Enxergar “estrelinhas brilhantes” (escotomas).
Pré-eclâmpsia grave
Além dos sintomas nos casos leves, caso a condição seja grave, os sinais que aparecem, são:
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Desenvolvimento de convulsões;
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Alterações da Síndrome HELLP, que ocorre modificações no fígado;
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Enjoo;
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Dor na boca do estômago;
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Dor na região do fígado;
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Hemorragia;
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Sangramento intra-abdominal;
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Edema;
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Infarto e ruptura hepática, porém é raro.
Como identificar pré-eclâmpsia na gravidez?
Caso a mulher já tenha a pressão alta, ela terá um risco maior de desenvolver a pré-eclâmpsia, portanto o caso deve ser devidamente monitorado desde o início e com maior frequência.
Já em outras pacientes, o médico deverá estar atento durante todas as consultas pré-natais para a aferição da pressão arterial e sinais clínicos que possam sugerir o desenvolvimento da doença.
Recentemente surgiram alguns exames que podem indicar o risco de desenvolvimento da pré-eclâmpsia, como o PLGF, que deve ser coletado entre a 11 e 13 semanas de gravidez através de uma coleta de sangue. Junto com ele, realiza-se o ultrassom morfológico de primeiro trimestre entre 11 e 14 semanas. Este ultrassom é focado em fornecer informações sobre o fluxo de sangue e averiguar se há contração dos vasos placentários e uterinos.
Se essa triagem identificar um risco aumentado para pré-eclâmpsia, o tratamento profilático deve ser iniciado antes da 16ª semana.
Diferença entre pré-eclâmpsia e eclâmpsia
Em resumo, a pré-eclâmpsia é dividida em leve e grave, a depender dos níveis de pressão alta que a gestante apresenta, e da presença de sintomas maiores ou menores, e que necessitam de acompanhamento constante. Geralmente, na pré-eclâmpsia, a paciente apresenta sintomas, como dor de cabeça forte, dor na boca do estômago ou outros.
A eclâmpsia é a modalidade gravíssima da doença, sendo representada por convulsões causadas pela pressão alta. A eclâmpsia necessita de atendimento hospitalar imediato, pois apresenta risco de morte para a gestante e o bebe.
Outras possíveis complicações da pré-eclâmpsia
Existe o risco do desenvolvendo de hipertensão arterial crônica após a gravidez e de disfunções cardiovasculares.
Tratamento
Pré-eclâmpsia leve:
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A paciente pode se tratar em casa
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Maior frequência de consultas de pré-natal
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Remédios anti-hipertensivos específicos para gravidez.
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Ultrassonografia e exames de sangue mais frequentes para avaliar a saúde do bebe e as funções do rim, fígado e demais órgãos da gestante.
Pré-eclâmpsia grave
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Tratamento é hospitalar
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Medicamentos na veia a fim de diminuir a pressão arterial e reduzir risco de convulsões.
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Exames frequentes capazes de avaliar a saúde do bebê e da mãe.
Nos casos em que a pressão permanecer elevada apesar do tratamento ou naqueles em que há risco de morte ou sequela para a mãe (por alterações renais, hepáticas ou neurológicas), a gravidez pode ser interrompida com a antecipação do parto.
Cuidados pós-parto
Os cuidados incluem que a gestante fique em observação, pois as convulsões podem acontecer por até um mês após o parto. Estima-se que de 11 a 44% das mulheres com a condição apresentem convulsão no pós-parto.
Após a alta, as consultas médicas são frequentes. Se a pressão for melhorando, os remédios podem ser retirados de uso sob recomendação médica.
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Referências:
- Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Pré-eclâmpsia nos seus diversos aspectos. -- São Paulo: 2017.
- Peraçoli JC, Borges VT, Ramos JG, Cavalli RC, Costa SH, Oliveira LG, et al. Pré-eclâmpsia/ eclâmpsia. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo); 2018. (Protocolo Febrasgo – Obstetrícia, nº 8/Comissão Nacional Especializada em Hipertensão na Gestação).